Circuit Breaker é um termo que voltou a ser falado ultimamente, mas que é, e para que serve? Circuit Breaker é uma ferramenta de segurança utilizada para interromper todas as operações da Bovespa. Ela é disparada quando ocorrem fortes quedas nos preços das ações.
A interrupção de todas as operações com o circuit breaker serve para proteger a oscilação excessiva, tanto para valorização quanto desvalorização, no mercado. Com a pausa, é esperado que ocorra um balanceamento entre a compra e a venda de ativos, evitando uma nova queda.
Como funciona o Circuit Breaker no Brasil?
As regras para o Circuit Breaker na Bovespa são simples.:
- Queda de 10%:
Quando o Ibovespa (índice principal da Bolsa de Valores brasileira) apresenta uma queda de mais de 10% sobre o índice de fechamento do pregão anterior, então o primeiro circuit breaker é acionado. As atividades são interrompidas por 30 minutos. - Queda de 15%:
Depois dos 30 min. de pausa, as operações são reabertas. Caso continue caindo, quando chega ao acumulado de 15%, ocorre nova interrupção, neste caso por mais 1 hora. - Queda de 20%:
Após segunda pausa (01 hora), novamente há a reabertura nas operações da Bolsa. Entretanto, caso o Ibovespa caía 20% em relação ao fechamento anterior, a Bovespa é quem definirá o prazo pelo qual as operações ficarão suspensas.
IMPORTANTE: essas regras não são aplicadas na última meia hora do pregão. Caso isso ocorra, na reabertura do mercado, é possível realizar apenas uma nova prorrogação de no máximo 30 minutos.
Histórico do Circuit Breaker no Brasil
Circuit Breaker na Bovespa | |
Ano | Fator Histórico |
1997 | A crise asiática |
1998 | A crise russa |
1999 | O câmbio flutuante |
2008 | A crise do subprime nos EUA |
2017 | Delação da JBS no Brasil |
1997
Países como a Tailândia, Malásia, Filipinas e Coreia do Sul foram surpreendidos com os reflexos de uma grande crise financeira. Em outubro de 1997, a Bolsa de Valores de Hong Kong registrou queda de 10,4% derrubando outras Bolsas em todo mundo.
A Bolsa de Valores do Brasil sentiu o efeito da crise e precisou realizar 3 paralisações. 27 de outubro, e 07 e 12 de novembro daquele ano.
1998
Em setembro de 1998, a Rússia passou por uma crise financeira gigante, chegando a declarar que não conseguiria pagar sua dívidas internas e externas. Os efeitos dessa crise foram sentidos em várias economias do mundo, inclusive no Brasil, local em que a Bolsa de Valores registrou perda de US$30 bilhões.
Circuit breaker foi acionada em 5 momentos diferentes para tentar controlar o mercado. Em 21 de agosto, 04, 10 (2 vezes) e 17 de setembro as atividades na Bolsa de Valores brasileira foram paralisadas.
1999
O começo de 1999, desvalorização do real. A mudança no regime cambial nacional fez com que o Banco Central fosse obrigado a negociar dólares no mercado futuro, aumentando a quantidade de moeda americana nos nossos cofres e contribuindo para a queda do valor das ações da Bolsa de Valores.
Circuit Breaker aconteceu nos dias 13 e 14 de janeiro.
2008
Uma das maiores crises econômicas da história, inadimplência entre os habitantes dos EUA e bancos, gerando algumas falências e um colapso na economia mundial.
Como a economia brasileira está diretamente ligada aos EUA, precisou acionar o circuit breaker 6 vezes: em 29 de setembro, 6 de outubro (2 vezes), 10, 15 e 22 de outubro.
2017
Em 18 de maio de 2017, o mercado brasileiro sofreu com as consequências da delação do dono da JBS, Joesley Batista. Na gravação, o empresário revelou detalhes de operações que envolviam diversos políticos importantes, entre eles o então presidente do Brasil, Michel Temer (MDB).
Somamo à delação, a prisão do ex-diretor da companhia, Frederico Pacheco de Medeiros, foi anunciada. Ele foi citado como responsável pelo repasse de R$2 milhões da JBS para o então senador Aécio Neves (PSDB).
Estes acontecimentos geraram uma queda significativa do valor das ações da Bolsa de Valores. Neste dia, o Ibovespa chegou a cair mais de 10% e algumas grandes empresas foram bastante afetadas. Como a Cemig, que registrou queda de 41% no valor de suas ações.
2020 – Coronavírus e Petróleo.
O “circuit breaker” foi acionado na Bolsa brasileira na segunda-feira, dia 09 de março, pela primeira vez desde 2017, após um tombo no preço dos petróleo se somar às preocupações com o coronavírus.
Em 11 de março. A Bolsa brasileira foi novamente suspensa após o relatório da OMG (Organização Mundial da Saúde), o qual classificou o coronavírus como pandemia. As ações despencaram mais de 10%. Ao voltar a operar, registrou queda de quase 12%. Precisa chegar à 15% para ser paralisada novamente.
Estamos diante de um mercado em agitação. É fundamental entender que não há necessidade de pânico, até porque, nessas ocasiões o melhor é manter a calma e agir com cautela.
O que fazer para minimizar o impacto do Coronavírus no seu negócio?
Como empreendedores, líderes e gestores podem se preparar para enfrentar o impacto do corona em seus negócios.
Recentemente, a Sequoia Capital – maior Venture Capital do mundo – publicou uma carta, onde fez comentários direcionados aos empreendedores investidos pelo fundo, e como lidar com o Corona. Além de algumas reflexões, o fundo faz sugestões importantes:.
Garanta recursos para enfrentar esse período
Negócios com maior disponibilidade de caixa e margens nas vendas, normalmente são melhores posicionados para encarar períodos de turbulência.
Portanto, é importante que você tenha caixa para arcar com suas despesas administrativas em um momento de queda nas receitas.
Caso veja que seus recursos atuais podem não ser o suficiente, busque alternativas, seja por meio de captação de capital, empréstimos (aproveitando taxas de juros reduzidas) ou simplesmente renegociando suas dívidas e compromissos para aliviar os custos ao longo dos próximos meses.
Analise seu planejamento de venda
O medo causado pelo corona vírus pode impactar, em curto prazo, nos hábitos de consumos e interesse das pessoas. Corte de viagens, diminuição dos passeios, etc. Tudo isso tende a causar um impacto negativo em diversos setores.
Por isso, é interessante que você revise seu planejamento de vendas e simule cenários de quedas bruscas de vendas nos próximos meses, analise o que isso significa para o seu negócio.
Mudanças no plano de marketing
Pessoas gastando menos, impacta diretamente no plano de marketing. Ações mais pontuais e efetivas são necessárias. Portanto, revise seu plano. Seu esforço para manter o ROI pode estar na diversificação da estratégia.
Investimentos, contratações e expansão
Em cenário de queda nas vendas, mesmo que momentâneo, revisar planos de expansão de investimentos e contratações é normalmente uma boa ideia.
A menos que você tenha muita confiança de que o seu negócio não sofrerá de forma significativa com o Corona, é recomendável que você postergue planos mais agressivos de investimento, e mesmo contratações não essenciais.
Mantenha a calma
Por fim, a nossa recomendação mais importante é que você mantenha a calma e racionalidade.
Sim, o corona provavelmente vai causar algum impacto de curto prazo nos seus negócios, porém, dificilmente veremos sequelas graves ou de longo prazo.
Novamente, quando olhamos para o histórico de quedas e circuit breakers, vemos que apesar do alto impacto de curto prazo, a economia se recuperou rapidamente, e em menos de 1 ano as coisas já voltaram ao normal.